Com o título de Primeiro Romance Belenense "Hortência" é publicada em 1888 pelo paraense João Marques de Carvalho. O romance naturalista nos é apresentado com uma temática que a olhos desatentos assuste-se com o caso incestuoso, não obstante ao ler a relíquia, a meu ver tão valiosa para a literatura paraense, nos enamoramos por uma descrição não tão minuciosa de Belém mas que nos proporciona enveredar por um retorno ao passado, sem sair das páginas da preciosa leitura, como era, o que mudou em nossa cidade, o que conhecemos como a conhecemos é fascinante.
A leitura de Hortência nos transporta a uma Belém do século XIX, o que nos faz perceber o grandioso valor histórico da obra, em suas linhas reconhecemos ruas, costumes de uma Belém que ainda não conhecera o auge esporádico da borracha, costumes típicos belenenses ou mesmo paraense como a venda de açaí nas portas.
“Vendedeiras de açaí passam com a gamela à cabeça, coroada pela vasilha de barro, contendo o líquido, que elas oferecem à freguesia na sólida cantiga: “E...e...eh!Açaí fresqui ... i...i … nho!”(Hortênsia, 1997, p.27)
e ainda outros de origem indígenas que temos, nós belenenses como legado.
“...Antônia gozava até aí de uma saúde desejável (…) O pior de tudo isto era que nem os medicamentos farmacêuticos receitados pelo doutor, nem as tisanas caseiras prescritas por duas ou três velhotas da vizinhança, conseguiam a almejada cura de Antônia...” (Hortência, 1997, p.28).